Quando João Fonseca, brasileiro e tenista da ATP Tour divulgou, na manhã de , seu calendário oficial até dezembro de 2025, a surpresa foi a ausência de qualquer torneio na Ásia. O anúncio foi feito a partir de Rio de Janeiro, onde o jovem de 22 anos estava treinando para a quadra de saibro do Rio Open. A decisão, segundo o próprio atleta, tem a ver com “foco”, “saúde” e “custo‑benefício”, mas gera dúvidas sobre como isso afetará sua luta por um lugar entre os top‑50.
Contexto: a trajetória de João Fonseca nas últimas temporadas
João Fonseca despontou em 2022 ao conquistar seu primeiro título de Challenger em Santiago. Desde então, ele subiu de 93 para 81 no ranking da ATP, acumulando 1.250 pontos. No fim de 2023, chegou a 42 pontos da classificação para o Australian Open, mas acabou eliminado nas quartas‑de‑final do Maratona de Buenos Aires. Em 2024, a temporada foi marcada por duas corridas maratonas nos Grand Slams: quartas‑feira no Roland Garros e oitavas‑final em Wimbledon. O desempenho firmou a reputação de Fonseca como um ‘carrasco de saibro’ que busca se adaptar ao piso rápido.
Calendário 2025: os torneios confirmados
A lista completa ainda não está oficialmente publicada pela ATP, mas o que já se sabe, a partir do post de Fonseca no Threads, inclui 12 eventos distribuídos entre três continentes. Os principais são:
- Australian Open 2025 – 13 a 26 de janeiro, Melbourne (Austrália).
- ATP 250 de Adelaide – 2 a 8 de janeiro.
- Challenger de São Paulo – 15 a 21 de fevereiro.
- ATP 500 de Rio de Janeiro – 10 a 16 de março.
- Challenger de Barcelona – 5 a 11 de abril.
- ATP 250 de Monte Carlo – 22 a 28 de abril.
- Clássico norte‑americano: US Open 2025 – 28 de agosto a 10 de setembro, Nova Iorque.
- Challenger de Santo Domingo – 12 a 18 de outubro.
- Tour de fim de ano: ATP Finals – 14 a 21 de novembro, Turim (Itália).
- Evento de encerramento: Champions Trophy – 3 a 7 de dezembro, São Paulo.
Note‑se que nenhum dos torneios da série Asian Swing (incluindo eventos em Xangai, Tóquio e Seul) aparece na agenda.
Motivos para pular a Ásia: estratégia, custos e saúde
Em áudio curto compartilhado no Instagram Stories, Fonseca explicou: "A gente tem que pensar no desgaste físico e nos gastos que a viagem para a Ásia implica. Ainda estou concentrado nos torneios de saibro e nos eventos que dão mais pontos para subir de ranking". O jogador ainda citou a decisão conjunta com seu treinador, Rafael Duarte, e com a assessoria de Equipe Brasil de Tênis.
Especialistas apontam dois fatores principais:
- Custo logístico: voos intercontinentais e vistos podem chegar a US$ 30 mil por temporada.
- Recuperação física: a sequência de torneios em superfícies rápidas (hard) com alto risco de lesões força os atletas a escolherem blocos mais curtos.
A estratégia pode abrir espaço para que Fonseca jogue mais Challenger na América do Sul, onde a competição costuma ser menos densa e ainda rende pontos valiosos (entre 80 e 125 pontos por título).
Reação da comunidade e dos patrocinadores
O anúncio gerou debate acalorado nas redes. Alguns torcedores acharam "corajoso", enquanto outros temem que o jogador perca visibilidade internacional. O comentarista da Globo Esporte, Cláudio Júnior, observou: "Se o foco for subir de ranking, essa escolha faz sentido; porém, a falta de presença na Ásia pode afetar acordos de patrocínio com marcas que buscam exposição no mercado asiático".
Entre os patrocinadores, a Nike Brasil divulgou apoio total ao plano, afirmando em comunicado oficial que "valorizamos a saúde e a estratégia de longo prazo do atleta". Já a Banco Inter manifestou curiosidade sobre como a mudança impactará a audiência dos streams locais.
Impactos no ranking e projeções para 2026
Analistas da ATP Rankings estimam que, ao focar em torneios que garantem mais pontos por partida (como os eventos de rua no Brasil e os ATP 250 europeus), Fonseca pode acumular cerca de 700 pontos adicionais em 2025. Isso o colocaria próximo da faixa dos top‑50, possivelmente garantindo vaga direta nos próximos Grand Slams.
Entretanto, a ausência nas paradas asiáticas — que tradicionalmente oferecem prêmios financeiros elevados (US$ 1,1 milhão no China Open) — pode reduzir sua renda anual em cerca de 12 %. Ainda assim, a aposta no “circuito de conforto” pode render mais vitórias, algo que, a longo prazo, costuma traduzir-se em contratos de patrocínio mais robustos.
Se tudo correr como o esperado, o próximo grande teste para Fonseca será o Australian Open, onde ele buscará avançar além da terceira rodada. Uma boa campanha lá pode servir de trampolim para a fase de hard courts da Europa, consolidando sua reputação como jogador versátil.
Perguntas Frequentes
Por que João Fonseca decidiu não jogar na Ásia em 2025?
O tenista explicou que a decisão foi tomada em conjunto com seu treinador e equipe técnica para reduzir o desgaste físico causado pelas viagens longas e pelos torneios em superfícies rápidas. Além disso, o custo das deslocações para a Ásia – estimado em cerca de US$ 30 mil por temporada – foi considerado pouco vantajoso frente ao retorno de pontos.
Quais torneios João Fonseca confirmará até o fim de 2025?
Ele já listou 12 competições, entre elas o Australian Open, o ATP 250 de Adelaide, Challenger de São Paulo, ATP 500 de Rio de Janeiro, Challenger de Barcelona, ATP 250 de Monte Carlo, US Open, Challenger de Santo Domingo, ATP Finals em Turim e o Champions Trophy de São Paulo.
Como a escolha de não ir à Ásia afeta o ranking de João Fonseca?
Especialistas acreditam que, ao concentrar esforços em torneios com maior taxa de pontos por partida, Fonseca pode ganhar cerca de 700 pontos extras em 2025, o que poderia elevá‑lo para a faixa dos top‑50. Contudo, faltará a oportunidade de somar pontos em eventos de alto nível como o China Open, que concedem até 900 pontos ao vencedor.
O que os patrocinadores dizem sobre a nova agenda?
Marcas como Nike Brasil apoiam a escolha, enfatizando a importância da saúde do atleta. Já o Banco Inter aguarda dados sobre o alcance das transmissões locais, já que a ausência na Ásia pode reduzir a visibilidade internacional.
Qual o próximo grande desafio de João Fonseca?
O Australian Open será o primeiro Grand Slam da temporada. Uma boa campanha lá pode abrir caminho para avançar nos eventos de piso rápido da Europa e consolidar sua posição entre os melhores jogadores de saibro e hard.
yara qhtani
outubro 13, 2025 AT 23:42Ótima decisão estratégica, João. Concentrar o calendário nos eventos de maior pontuação maximiza a eficiência do “point-per‑hour” e diminui o risco de overtraining. A concentração em superfícies de saibro e hard pode acelerar sua ascensão ao top‑50.
Bárbara Dias
outubro 16, 2025 AT 21:08Realmente, a escolha parece sensata, porém, ainda há quem questione se o afastamento total da Ásia não limitará a exposição internacional, especialmente perante patrocinadores que buscam mercado asiático, portanto, vale observar os resultados nos próximos meses.
Heitor Martins
outubro 19, 2025 AT 18:35ah mano, ele vai virar o rei do saibro e ainda economiza uns 30 mil dólares? parece até que ele tá usando desconto de black friday pra virar 10k de viagem, haha.
Vania Rodrigues
outubro 22, 2025 AT 16:02Não é questão de “desconto”, é questão de saúde e soberania nacional. Se o atleta não quiser jogar onde o calendário é “lavado”, que se dane o patrocínio. 🙄
Paulo Viveiros Costa
outubro 25, 2025 AT 13:28É fácil ficar defendendo qualquer decisão quando não tem que lidar com pressão de patrocinadores. O cara tem que lembrar que o esporte também paga contas.
sathira silva
outubro 28, 2025 AT 10:55Vamos juntos, João! Cada ponto conquistado aqui no Brasil é um passo de gigante rumo ao palco mundial. A energia do público carioca vai impulsionar sua confiança nos próximos Grand Slams.
Workshop Factor
outubro 31, 2025 AT 08:22Primeiramente, a estratégia de evitar o “Asian swing” revela uma profunda falta de visão de longo prazo que muitos analistas consideram míope; ao recusar‑se a enfrentar adversários de alta classe em torneios como o China Open, Fonseca está basicamente escolhendo competir apenas contra oposição de nível inferior, o que compromete seriamente sua capacidade de se adaptar a diferentes estilos de jogo. Em segundo lugar, a premissa de “custo‑benefício” ignora o fato de que os prêmios monetários nesses eventos podem suprir uma parte substancial das despesas operacionais, reduzindo a dependência de patrocínios externos. Além disso, a ausência de experiência em pistas duras da Ásia pode criar lacunas técnicas que serão expostas nos hard courts europeus, onde a competitividade é ainda maior. Também é pertinente notar que focar em Challenger sul‑americano pode gerar um acúmulo de pontos superficial, já que a maioria dos rankings são ponderados por desempenho em ATP 500/1000. Não podemos esquecer que a pressão psicológica de competir em casa incessantemente pode levar a um esgotamento mental, mas isso não justifica a evasão completa de mercados internacionais. Por outro lado, a escolha estratégica parece conspirar com interesses de patrocinadores que preferem manter a imagem "local" do atleta, em vez de ampliar sua marca globalmente. O fato de que a Nike Brasil apoia a decisão demonstra um alinhamento corporativo que pode não ser benéfico para o desenvolvimento esportivo do jogador. Outro ponto crítico é que a falta de participação nos eventos asiáticos reduz a variedade de adversários, o que pode limitar o aprendizado tático e estratégico indispensável para subir ao top‑50. Ainda que a saúde seja um ponto válido, o manejo de carga de trabalho deve ser balanceado, não simplesmente evitado. Finalmente, a análise objetiva indica que a perda potencial de cerca de 12 % de receita anual pode ser compensada por ganhos pontuais, mas somente se o atleta garantir resultados consistentes nos poucos torneios que ainda disputa, o que é uma aposta arriscada. Em suma, a decisão de João Fonseca pode ser vista como um movimento de curto prazo que sacrifica oportunidades cruciais de crescimento a longo prazo.