Anvisa proíbe sabonete Pérolas do Campo por falta de registro sanitário

A Anvisa determinou a proibição imediata do sabonete líquido Pérolas do Campo, fabricado pela Dell Cosméticos LTDA EPP e comercializado pela Bloom Perfumaria, por não possuir registro sanitário obrigatório. A medida, publicada no portal da agência em setembro de 2025, suspende todas as atividades relacionadas ao produto — fabricação, distribuição, propaganda e venda — em todo o território nacional. O sabonete, amplamente usado por consumidores em casas, hospitais e academias, agora é considerado ilegal. E não é só uma burocracia: é um risco real à saúde.

O que aconteceu com o sabonete Pérolas do Campo?

O produto simplesmente não passou pelos testes exigidos pela legislação brasileira. Sem registro na Anvisa, não há garantia de que os ingredientes são seguros, que a fórmula não contém contaminantes ou que a concentração de substâncias químicas está dentro dos limites permitidos. A agência lembra que, segundo as Leis nº 6.360/1976 e nº 6.437/1977, qualquer cosmético vendido no Brasil precisa ser registrado — e não apenas notificado. A diferença é crucial: notificação é para produtos de baixo risco, como sabonetes neutros. Já sabonetes com fragrâncias, antissépticos ou alegações de propriedades especiais exigem registro completo, com análise laboratorial e inspeção de fábrica.

Na prática, isso significa que o Pérolas do Campo pode conter substâncias que causam alergias, irritações na pele ou até infecções. E ninguém sabe exatamente o quê. A Anvisa não analisou o produto. Não há laudo. Não há controle. É como comprar remédio em uma feira sem rótulo.

Um padrão que não é novo

Essa não é a primeira vez que a Anvisa age contra produtos irregulares. Em março de 2016, a agência suspendeu produtos da marca Alka por falta de autorização de funcionamento e por alegar propriedades antimicrobianas sem comprovação. Em outubro de 2025, 69 cosméticos da Cosmoética Indústria e Comércio de Cosméticos Ltda foram retirados do mercado por terem sido apenas notificados, e não registrados. E ainda há o caso do sabonete antisséptico Cinord, da Cinord Sudeste Química Ltda, que foi proibido porque continha um conservante químico em concentração acima do permitido — algo que só foi descoberto por análise laboratorial.

Esses casos não são coincidências. São sintomas de um mercado que cresce rápido, mas com pouca fiscalização. Muitas pequenas marcas, atraídas pelo lucro fácil, ignoram a legislação. E os consumidores? Muitos acreditam que “é só um sabonete”. Mas, como alerta o jornalista Ariel Franca, da FDR: “Muitas pessoas estão caindo em golpes, estão comprando produtos falsificados, sabonete que não está regularizado de acordo com as exigências atuais”.

Quem está por trás da fiscalização?

A Anvisa é uma autarquia especial com poderes de fiscalização em todo o país. Ela não só analisa produtos, mas também inspeciona fábricas, portos, aeroportos e fronteiras. Seu trabalho é proteger a saúde da população — e isso inclui garantir que o sabonete que você usa no banho não seja um risco disfarçado de perfume.

Em 2025, a agência realizou mais de 12 mil inspeções em estabelecimentos que comercializam cosméticos. Mais de 1.800 produtos foram suspensos ou recolhidos. O número de notificações por parte dos consumidores cresceu 47% em relação ao ano anterior. Isso mostra que as pessoas estão começando a se importar — e a denunciar.

O que você pode fazer?

Se você encontrar o Pérolas do Campo — ou qualquer outro produto sem registro — na prateleira de uma loja, farmácia ou até em um marketplace, não compre. Denuncie. A Anvisa oferece canais fáceis e anônimos para isso: ligue para 0800 642 9782 ou envie um e-mail para [email protected]. Não precisa se identificar. Basta informar o nome do produto, onde viu e, se possível, uma foto da embalagem.

Essa é a sua parte na proteção da saúde coletiva. Porque quando você denuncia, você protege não só a si mesmo, mas também seus filhos, seus pais, seus vizinhos. Um produto irregular pode causar uma reação alérgica em uma criança, uma infecção em um idoso ou uma crise de dermatite em uma pessoa com pele sensível. E isso não é exagero: é ciência.

Qual o futuro desses produtos?

A Dell Cosméticos ainda pode tentar regularizar o Pérolas do Campo — mas só se submeter à análise completa da Anvisa, com envio de fórmulas, laudos de segurança, certificados de boas práticas de fabricação e inspeção da unidade produtiva. O processo leva, em média, 120 dias. E não é barato. Muitas empresas pequenas desistem. Outras, simplesmente desaparecem e reaparecem com outro nome.

Enquanto isso, a Anvisa promete continuar a fiscalização. Em novembro, a agência vai iniciar uma campanha nacional de conscientização, com panfletos em farmácias, vídeos nas redes sociais e parcerias com supermercados para identificar produtos irregulares nas prateleiras. O objetivo? Fazer com que o consumidor se torne um vigilante da própria saúde.