Hospedagem em Rio dispara com Lady Gaga e provoca cancelamentos de reservas no Airbnb

Show de Lady Gaga transforma hospedagem em disputa no Rio de Janeiro

Quando o anúncio do show gratuito da Lady Gaga em Copacabana bateu, ficou claro que o Rio de Janeiro iria se tornar uma enxurrada de turistas. E nem bem a diva pop chegou, a busca por hospedagem disparou. Com a apresentação marcada para 3 de maio, mais de 1,5 milhão de pessoas devem tomar conta da orla carioca, provocando uma correria por quartos, apartamentos e qualquer espaço disponível.

Esse boom esbarrou em um fenômeno curioso e, para muitos viajantes, revoltante: centenas de anfitriões do Airbnb decidiram cancelar reservas, muitas já feitas há semanas ou até meses. O motivo? Repassar os imóveis a novos interessados por preços bem mais altos. Guilherme D’Angelo, por exemplo, expôs sua frustração no Instagram após ser avisado de última hora de que teria de procurar outro local. E ele não está sozinho—vários relatos parecidos pipocam pelas redes.

Segundo dados do próprio Airbnb, o volume de reservas cresceu 2,5 vezes para o período do evento, em comparação com outros finais de semana. Isso fez valores dispararem, com diárias simples na Zona Sul chegando a preços exorbitantes. Mesmo hotéis tradicionais, que aproveitam o movimento pós-Carnaval, mal conseguem absorver tanta demanda. Os mais econômicos logo esgotam, e quem deixou para decidir em cima da hora está pagando caro, ou pior, ficando sem lugar para dormir.

Rio aposta em shows gigantes enquanto turistas encaram desafios

A maratona de grandes eventos faz parte da estratégia da prefeitura com o programa “Todo Mundo No Rio”, criado para aquecer a economia em períodos normalmente mais fracos para o turismo. No ano passado, Madonna superlotou a praia, quebrando recordes de público e enchendo hotéis, bares e restaurantes. Agora é a vez de Lady Gaga, que não pisava por aqui desde 2012. E os próximos nomes já estão na agenda: Beyoncé e U2 prometem repetir o agito.

É um ganha-ganha para o comércio local. Osmar Lima, secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, comemora o salto nas vendas e nos empregos temporários. As lojas e transportes lotam, bares estendem horários e o dinheiro circula forte. Até os ambulantes aproveitam, vendendo de tudo: água, cerveja, chapéu, pulseirinha…

Por trás do glamour, há uma operação de guerra. Lady Gaga trouxe um aparato de mais de 200 pessoas, desembarcando em um jatinho avaliado em 130 milhões de dólares. Montagem, som, luz e mobilização da segurança pública transformam a praia num gigantesco palco ao ar livre. O show faz parte da nova turnê mundial, a chamada “Mayhem Ball”, e promete um trecho especial batizado “Mayhem na Praia” só para o Rio.

Mas, para quem só quer curtir o evento e precisa de hospedagem, a experiência está longe de ser só festa. O aumento dos cancelamentos, aliado aos preços nas alturas, virou dor de cabeça. Nos grupos de internet, muitos pedem indicações ou oferecem carona solidária. A rivalidade entre anfitriões que buscam lucro extra e turistas que se sentem lesados virou tema de discussão polêmica. E, enquanto todos sonham com o espetáculo, a pergunta permanece: dá para garantir diversão e aproveitar o melhor do Rio, mesmo diante de uma disputa acirrada por um teto?