Festa de Santa Bárbara: Celebração Cultural e Patrimônio Intangível de Salvador começa o calendário de festas populares 2024

Festa de Santa Bárbara: Celebração Cultural e Patrimônio Intangível de Salvador começa o calendário de festas populares 2024

Abertura do calendário festivo de Salvador: a Festa de Santa Bárbara

No dia 4 de dezembro, Salvador se transformou em um grandioso palco de fé e cultura com a emblemática Festa de Santa Bárbara, que abre o calendário de festas populares da cidade. Este evento, que une devoção religiosa e resistência cultural, reuniu milhares de fiéis nas ruas do Centro Histórico, todos vestidos de vermelho, a cor da Iansã, uma orixá reverenciada no Candomblé que associa-se a Santa Bárbara no sincretismo religioso baiano.

As festividades começaram já de madrugada, precisamente às 6 horas da manhã, com um alvorada de fogos de artifício que ecoaram por toda a cidade. Logo em seguida, às 8 horas, a tradicional missa teve início no Largo do Pelourinho, um dos locais mais icônicos da capital baiana. Foi ali que, em meio a cânticos e orações, a comunidade local se reuniu para prestar homenagem à santa patrona dos bombeiros, reforçando laços de fé profunda e ancestral.

Processão de Fé e Tradição

A procissão, uma das partes mais emocionantes e esperadas da festa, teve início na Igreja do Rosário dos Pretos. De lá, centenas de devotos partiram em direção ao quartel do Corpo de Bombeiros na Barroquinha, onde um breve momento de parada serviu para reverenciar a protetora dos bombeiros. Esta caminhada, repleta de espiritualidade, atravessou também a Baixa dos Sapateiros, Rua Padre Agostinho, e o Pelourinho, retornando ao ponto de partida com os corações aquecidos pela fé.

Atrações Culturais

Após o ato religioso, a celebração tomou conta das ruas com uma rica programação cultural. Diversos artistas e grupos culturais subiram aos palcos espalhados pelos largos históricos da cidade. No Largo do Pelourinho, o show 'Samba Djanira' com Illy iniciou às 14h30, seguido por Márcia Short e o fervoroso samba do grupo Samba de Oyá. Enquanto isso, as apresentações continuaram em outros palcos: Silvia Britto encantou o público às 11h no Largo Pedro Archanjo, seguida por Bambeia, e no Largo Tereza Batista, o DJ Raffa Maciel e o Grupo Movimento animaram os presentes.

No Largo Quincas Berro D’Água, a tradição do samba ressoou com a Viola de Doze e Catadinho do Samba, transportando os participantes para uma tarde de pura alegria e celebração da cultura baiana. As apresentações não eram apenas entretenimento, mas sim uma demonstração viva da rica cultura musical da Bahia, importante elemento para a afirmação da identidade cultural local.

Importância Cultural e Patrimônio Imaterial

Importância Cultural e Patrimônio Imaterial

A Festa de Santa Bárbara é reconhecida como um Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia, uma honraria que ressalta sua relevância histórica e cultural para Salvador. O evento não apenas aviva tradições e cultua figuras religiosas, mas também desempenha um papel crucial na promoção do turismo local, atraindo visitantes de diversas regiões do Brasil e do mundo.

Walter Júnior, Subsecretário de Cultura e Turismo, destacou em entrevista a importância destas celebrações para a manutenção da identidade cultural da cidade. Segundo ele, as festas populares como a de Santa Bárbara são fundamentais para resgatar e preservar a história e os valores culturais da Bahia, fortalecendo assim a imagem e a atratividade de Salvador como um polo cultural de grande relevância nacional.

Reflexo e Resistência Cultural

Além de sua dimensão turística, a festa possui um profundo significado social e cultural para os habitantes de Salvador. Reflete a resistência e a continuidade de tradições herdadas de gerações passadas, em uma cidade que respira cultura e história por todos os poros. É um momento de reafirmação da identidade afro-brasileira e das manifestações religiosas sincréticas que fazem parte do cotidiano do povo baiano.

Assim, a Festa de Santa Bárbara se consolida como um evento essencial, que vai além do entretenimento e da devoção. É um verdadeiro festival de cores, sons e tradições, que, ao mesmo tempo em que celebra o presente, honra um passado rico e diverso, mantendo viva a chama da cultura baiana para as futuras gerações.

Em suma, a celebração de Santa Bárbara é um testemunho contínuo da força das tradições e das raízes culturais de Salvador, uma cidade que exala história e diversidade a cada esquina, a cada som e a cada celebração. A festa não é apenas um evento no calendário, mas uma reafirmação da rica tapeçaria cultural que compõe a identidade desta bela terra baiana.

12 Comentários

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    Bruna Jordão

    dezembro 5, 2024 AT 07:17

    Que beleza ver o vermelho tomado pelas ruas do Pelourinho... cada passo da procissão parece um suspiro da história. Não é só fé, é memória viva. E aquele samba do Oyá? Me deu arrepios. Isso aqui é o que ninguém consegue copiar.

    Quem não sente isso não tá nem aí pra raiz. E isso é triste.

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    Sérgio Castro

    dezembro 6, 2024 AT 17:21

    Olha só, mais um evento que transforma religião em show de rua. Cadê o respeito? Santa Bárbara é uma santa católica, não uma orixá disfarçada. E esses sambas? Tudo bem, mas não confundam liturgia com festival de funk. E ainda por cima, o Corpo de Bombeiros sendo usado como cenário? Sério?

    Isso é sincretismo ou comercialização disfarçada de cultura? 🤔

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    Camila Tisinovich

    dezembro 8, 2024 AT 12:09

    QUE COISA MAIS LINDA QUE EU CHORO TODO ANO. NÃO É SÓ FÉ, É AMOR. O CHEIRO DO INCENSO, O SOM DO ATABAQUE, O VERMELHO DAS VESTES... EU NÃO TENHO PALAVRAS. ISSO AQUI É O QUE ME FAZ ACHAR QUE SALVADOR É O LUGAR MAIS SAGRADO DA TERRA. NINGUÉM ENTENDE SE NÃO VIVEU.

    SE VOCÊ NÃO CHOROU NA PROCISSÃO, VOCÊ NÃO É BAIANO. PONTO FINAL.

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    satoshi niikura

    dezembro 8, 2024 AT 15:22

    A Festa de Santa Bárbara, enquanto manifestação sincrética, representa um fenômeno antropológico de grande complexidade. A intersecção entre o culto católico e as tradições afro-baianas não é meramente simbólica, mas estrutural, refletindo processos de resistência cultural e reconfiguração identitária desde o período colonial.

    Além disso, a escolha do Largo do Pelourinho como epicentro não é acidental - trata-se de um espaço de memória negra, onde a resistência se materializa em rituais. A presença do Corpo de Bombeiros, por sua vez, evidencia a institucionalização simbólica de figuras protetoras, uma construção cultural que transcende a religião pura.

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    Joana Sequeira

    dezembro 8, 2024 AT 20:04

    Eu fui na procissão e fiquei em silêncio na Baixa dos Sapateiros. Só olhando. Vi uma velhinha de 82 anos, com um lenço na cabeça, cantando com os olhos fechados. Ela não sabia o nome do samba, mas sabia o que significava. Isso é o que importa.

    As pessoas falam de turismo, de patrimônio, de cultura... mas esquecem que isso tudo é feito por mãos que não querem fama. São mãos que acendem velas, que carregam bandeiras, que cantam mesmo quando a voz tá fraca.

    Quem tá aqui só pra tirar foto? Vai embora. Quem tá aqui pra sentir? Fica. E agradece.

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    Larissa Moraes

    dezembro 10, 2024 AT 16:03

    POXA VIDA, OUTRA FESTA QUE A GENTE VIRA TOURIST ATTRACTION. ISSO AQUI ERA PRA SER RESPEITADO, NÃO VIRAR POST NO INSTA COM FILTRO DE LUZES ROSA. E AINDA POR CIMA, OS BOMBEIROS TÃO USANDO O NOME DE UMA SANTA CATÓLICA PRA FAZER SHOW? ISSO É UMA VERGONHA.

    SE TIVESSE SIDO NA IGREJA DO SANTO ANTÔNIO NINGUÉM FAZIA ESSA FESTA. MAS É PORQUE É AFRO, ENTÃO TUDO VIRA FESTA POPULAR. ISSO É RACISMO INVERTIDO, GENTE.

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    Gislene Valério de Barros

    dezembro 12, 2024 AT 09:33

    Eu lembro quando eu era criança, minha avó me levava na procissão de Santa Bárbara antes mesmo de eu saber quem era a santa. Ela só dizia: ‘filha, isso aqui é o nosso sangue’. Eu não entendia, mas sentia. O cheiro do incenso, o som do atabaque, o calor da multidão... tudo era como um abraço antigo.

    Hoje, vejo as crianças dançando com as roupas vermelhas, e eu me pergunto: elas sabem o que isso significa? Ou só estão curtindo o show? Porque se a gente não ensinar, se a gente não contar, essa memória some. E não é só sobre religião - é sobre quem nós somos. E isso não pode morrer. Não agora, não nunca.

    Eu quero que minha neta um dia leve o filho dela. E que ela também sinta o que eu senti. Só assim, a gente continua.

    Quem tá aqui pra preservar, não pra viralizar. Por favor, não esqueçam disso.

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    Izabella Słupecka

    dezembro 14, 2024 AT 08:59

    É inegável que a festa apresenta uma complexa teia de significados simbólicos, mas a sua legitimação como Patrimônio Imaterial da Bahia carece de um arcabouço teórico rigoroso. A confusão entre sincretismo religioso e marketing cultural é flagrante. A figura de Santa Bárbara, canonizada pela Igreja Católica em 1627, não pode ser reduzida a uma mera personificação de Iansã, sob pena de descontextualização histórica e degradação simbólica.

    Além disso, a programação cultural - embora aparentemente vibrante - opera como uma espetacularização da tradição, transformando o sagrado em espetáculo. A presença de DJs e a ênfase em artistas de entretenimento não contribuem para a preservação, mas para a banalização.

    É necessário um debate acadêmico e institucional mais profundo, antes de se celebrar como modelo de identidade. Não se trata de negar a cultura, mas de protegê-la da própria exaltação vazia.

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    Yuri Costa

    dezembro 15, 2024 AT 02:32

    Eu fui. Vi tudo. E fiquei triste. Não pelo que vi, mas pelo que virou. A gente tá virando um parque temático de folclore. O que era profundo virou filtro de Instagram. O que era sagrado virou background de story.

    Se você não sabe o que é um axé, não finge que sabe. Se você não cresceu ouvindo o tambor, não finge que entende.

    Essa festa não é pra você. É pra quem carrega a dor e a alegria na alma. E se você tá aqui só pra curtir, vá embora. 😔

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    Paulo Sousa

    dezembro 16, 2024 AT 09:29

    ISSO AQUI É O QUE FAZ O BRASIL SER GRANDE. NINGUÉM NO MUNDO TEM ISSO. NINGUÉM. EU SOU BRASILEIRO E FICO COM O PEITO CHEIO. O VERMELHO É DO SANGUE DOS MEUS ANCESTRAIS. O TAMBORE É DA MINHA ALMA. E SE ALGUMA PESSOA NÃO GOSTA, QUE VÁ MORAR NA EUROPA E BEBER CHÁ DE CAMOMILA.

    EU NÃO TENHO MEDO DE SER DITO RADICAL. ISSO É MINHA CULTURA. MINHA HISTÓRIA. MINHA VIDA. E NINGUÉM VAI ME TIRAR ISSO. 🇧🇷🔥

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    kamila silva

    dezembro 17, 2024 AT 05:34

    Quando a gente fala em patrimônio cultural imaterial... a gente tá falando de algo que não se vê, mas que se sente. E o que a gente sente nessa festa? É a dor da escravidão transformada em dança. É o silêncio dos ancestrais virando canto. É o poder de uma religião que não foi apagada, mas se reinventou. E isso não é só tradição. É revolução. E se você não entende isso, então você não entende nada.

    Salvador não é uma cidade. É um organismo vivo. E Santa Bárbara é o seu coração batendo em ritmo de atabaque. E se você não sente isso, é porque seu coração já parou.

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    Eliane E

    dezembro 18, 2024 AT 12:20

    Eu chorei na Baixa dos Sapateiros. Não por causa do show, nem da procissão. Porque vi uma menina de 7 anos segurando a bandeira da Iansã, e ela sorriu pra mim. Sem saber o que significava. Mas sentia. E isso é suficiente.

    Se cada um de nós cuidar de um pedacinho dessa memória, ela não se perde.

    Obrigada por existir, Salvador.

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